24 de out. de 2013

Dois poemas de Manuel Bandeira

O anjo da guarda 
Quando minha irmã morreu,
(devia ter sido assim)
Um anjo moreno, violento e bom, brasileiro.

Veio ficar ao pé de mim
O meu anjo da guarda sorriu
E voltou para junto do Senhor


Poema de finados
Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai.
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.

Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.

O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
Em verdade estou morto ali.

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